Operação policial em Porto Seguro interrompe festa na “Escuna Fest”, gerando denúncias de abusos e agressões. Participantes relatam violência e assédio. Acompanhe os desdobramentos deste caso polêmico.
Na tarde de domingo, 16 de junho, uma operação policial em Porto Seguro, Bahia, encerrou de forma abrupta a “Escuna Fest”, evento que acontecia em uma embarcação em mar aberto. A ação, realizada por policiais militares do 8º Batalhão, com apoio da Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (CIPPA/PS), resultou na autuação de mais de 40 participantes e gerou denúncias graves de abusos e agressões. Em uma investigação exclusiva, a RENOVAR.NEWS apurou os detalhes deste incidente que expõe uma série de questionamentos sobre a conduta das forças de segurança.
Contexto da Operação
A “Escuna Fest” era um evento predominantemente frequentado por jovens, que se reuniram em uma escuna para festejar nas águas costeiras de Porto Seguro. Durante a tarde, a operação policial foi deflagrada, com agentes orientando os participantes a desembarcarem no píer próximo ao terminal de balsas. Segundo a polícia, a intervenção foi motivada por denúncias de perturbação do sossego e uso de substâncias ilícitas.
A RENOVAR.NEWS entrou em contato com o Tenente Alexandre Costa de Souza, comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar da Bahia, para esclarecer os detalhes da operação. Em nota, o tenente afirmou que “ninguém foi conduzido e nenhum material foi apreendido” durante a ação. Esse esclarecimento levanta dúvidas sobre a fundamentação inicial para a operação, especialmente considerando a natureza pacífica da maioria dos eventos similares realizados na região.
Relatos de Agressões e Danos
Testemunhos colhidos pela RENOVAR.NEWS revelam um cenário preocupante de violência e abuso. De acordo com os relatos, a operação foi marcada por agressões físicas e verbais. Participantes afirmam que foram agredidos com tapas no rosto, empurrões e spray de pimenta. As mulheres presentes parecem ter sido especialmente visadas, com várias delas relatando insultos de cunho sexual e assédio por parte dos policiais.
Uma das vítimas, que preferiu manter o anonimato por medo de retaliação, descreveu ter sido chamada de “puta” e “vagabunda”. Ela expressou incredulidade e indignação com o tratamento recebido de autoridades que deveriam proteger e respeitar os cidadãos. “Nunca imaginei que seria agredida por aqueles que deveriam estar ali para nos proteger e ouvir”, afirmou.
Além disso, vídeos gravados durante a operação mostram a agressividade dos policiais, que não hesitaram em confiscar e destruir os celulares daqueles que tentaram registrar a ação. Testemunhas narram que os aparelhos foram jogados no mar ou quebrados no chão, numa clara tentativa de impedir a documentação dos abusos.
Posicionamento Oficial
Em resposta às alegações, a RENOVAR.NEWS procurou o Tenente Alexandre Costa de Souza, comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar da Bahia. Em nota, o tenente afirmou que o batalhão “não pactua com violência policial” e incentivou os participantes a apresentarem denúncias formais à ouvidoria. Ele justificou a operação como uma resposta a denúncias de perturbação do sossego e uso de drogas, ressaltando que “ninguém foi conduzido e nenhum material foi apreendido”.
Esse posicionamento oficial, entretanto, contrasta fortemente com os relatos dos presentes, que descrevem uma ação desproporcional e violenta, questionando a legitimidade e o manejo da situação pelas autoridades.
Reações e Medidas Legais
As consequências da operação estão longe de se resolver. Vários participantes estão se mobilizando para apresentar uma ação coletiva contra o Estado e a Polícia Militar, buscando justiça pelos abusos sofridos. No entanto, o medo de represálias parece estar impedindo muitos de se manifestarem publicamente. Uma das vítimas mencionou o receio generalizado entre os participantes: “Pensávamos que as forças policiais eram para proteger o povo, mas é totalmente o contrário. Estão aqui para nos amedrontar e coagir.”
Conformidade Legal do Evento
Os organizadores da “Escuna Fest” asseguram que o evento estava em total conformidade com as normas da Marinha e possuía todas as licenças necessárias. A operação policial, portanto, não apenas interrompeu uma festa legalmente autorizada, mas também deixou um rastro de violência e questionamentos sobre os limites da atuação policial.
Cobertura da Mídia
Os participantes da “Escuna Fest” também expressaram frustração com a cobertura da mídia local, acusando os veículos de não investigarem adequadamente os fatos e de não ouvirem os dois lados da história. Segundo eles, a mídia atuou apenas como porta-voz da versão oficial, sem questionar ou examinar os relatos de abuso.
O que a RENOVAR.NEWS pensa
A operação policial em Porto Seguro revela uma série de questões críticas sobre a conduta das forças de segurança e o uso de força excessiva. As respostas oficiais, até agora, não conseguiram abordar adequadamente as alegações de abuso. Enquanto a Polícia Militar defende a legitimidade de suas ações, os relatos dos participantes indicam uma possível desconexão entre os objetivos declarados e a execução da operação.
Este incidente sublinha a necessidade urgente de uma investigação independente e imparcial, para garantir que a atuação policial respeite os direitos dos cidadãos e que os responsáveis por quaisquer abusos sejam devidamente responsabilizados. A RENOVAR.NEWS continuará acompanhando o desenrolar deste caso e os desdobramentos legais das ações coletivas que estão sendo organizadas pelas vítimas.
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